09 agosto 2011

O novo dos Blink 182

Se nao os podes vencer, junta-te a eles.

O lema dos Blink 182 para o novo video parece-me absolutamente correcto e o sinal que alguém já entendeu que o melhor é dar o poder a quem neste momento gera o maior número de conteúdo cultural: o próprio consumidor.

Em colaboração com a operadora AT&T, os músicos, que não lançavam singles há oito anos, “capturaram” vídeos do Youtube nos quais os seus fãs utilizavam as músicas da banda, e transformaram-nos no videoclip da música “Up All Night”, que marcará o regresso dos Blink 182 ao panorama musical.
O vídeo faz parte de uma campanha publicitária que já originou, inclusive, um anúncio com os membros da banda e a sua música como protagonistas.
À acção, em que os fãs não sabiam que iam participar, foi dado o nome de “The blink-182 Film Festival You Didn’t Know You Entered”.

02 abril 2009

Pinto Ribeiro e a Política Cultural

Todos temos direito a resposta...
O meu post anterior tinha questões e este tem algumas respostas.
Artigo da Lusa de dia 27 de Março:


O Governo vai investir 30 milhões de euros num "cluster" de artes e indústrias criativas com vista à criação de mais emprego, disse o ministro da Cultura em entrevista hoje publicada no Jornal de Negócios.

José António Pinto Ribeiro esclareceu que, com este "cluster", pretende também maior eficácia cultural, que não se traduza apenas no número de pessoas (visitantes) que "entrem e saem" mas em que estas "sejam contaminadas".

"Rigor e imaginação" é o que Pinto Ribeiro, há cerca de ano e meio no Palácio da Ajuda, pede a quem gere as instituições culturais.

Na mesma entrevista, o titular da pasta da Cultura reafirmou a sua aposta nas "parcerias" para "fazer mais" e também criar emprego em tempos de crise.

Concretamente, propõe o estabelecimento de parcerias "com as empresas para qualificar, gerar emprego, haver mais obra".

Referindo-se ao orçamento do seu Ministério, Pinto Ribeiro fez a destrinça entre o que está orçamentado - 0,45% - e o que é aplicado, e deu como exemplo o programa InovArt, que a partir de verbas do Ministério do Trabalho e Solidariedade Social irá colocar 200 jovens artistas até 35 anos a estagiar no estrangeiro.

Esta aplicação, segundo o ministro, permite ao seu ministério usufruir de mais cinco milhões de euros que não estão no seu orçamento mas que executa.

Em termos orçamentais, o responsável apontou o ano de 2005 como o pior em termos de execução e assinalou ter-se notado uma melhoria sucessiva a partir de 2006 até 2008. "2008 foi o primeiro ano em que se atingiu 102% de execução do orçamento", indicou.

Reconhecendo que as actuais condições não são as melhores, frisou que, para si, "uma coisa é absolutamente clara": se os seus antecessores "tivessem tido um êxito extraordinário" o problema não existia.

Referindo-se às recentes críticas do ex-ministro Manuel Maria Carrilho, Pinto Ribeiro observou que elas surgem "em função de um calendário e de um projecto político pessoal".
Pinto Ribeiro, que foi apoiante da candidatura de Manuel Maria Carrilho à Câmara de Lisboa, lamentou que o seu predecessor no cargo não tenha "conversado" consigo e acusou-o de não ter feito "o trabalho de casa" nem ter visto "os números reais".

Considerou ainda que Carrilho "podia ter feito a crítica nos anos em que ela era justificada" e "antes de ser nomeado embaixador" de Portugal na UNESCO em Paris.
Eu espero ansiosamente para saber mais coisas deste cluster e sobretudo espero, tal como referiu na entrevista, "que o próximo mandato seja o da Cultura, tal como este foi o da Ciência".

31 março 2009

Carrilho e a Política Cultural

Na semana passada o mundo político português agitou-se ligeiramente por causa de opiniões divergentes sobre a política cultural nacional. A mim parece-me positivo, não pelo que se disse nem pela constatação do cenário actual, mas sim pelo simples facto de colocarmos o assunto "cultura" na agenda política.

Transcrevo o artigo do Expresso de 21 de Março:


O antigo ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, quebrou o silêncio de quase uma década sobre a área que tutelou entre 1995 e 2000 e tece duras críticas à política cultural do actual Executivo.

Num documento enviado a António Vitorino, que preside à Fundação Res Publica, a que o Expresso teve acesso, o actual embaixador português na UNESCO lamenta que a política cultural se tenha tornado "cada vez mais invisível, ilegível e incompreensível, ameaçando fazer dos anos 2005/2009 uma legislatura perdida para a cultura" e sugere que "a Fundação Res Publica (ou o fórum Novas Fronteiras), retomando o espírito dos Estados Gerais - isto é, um espírito de real abertura e de efectivo debate -, abra uma ampla discussão sobre a situação e o futuro das políticas culturais em Portugal, com a intenção de as refundar".

"A cultura pode dar uma importante contribuição na resposta à crise que o país atravessa", sustenta Manuel Maria Carrilho, sublinhando que a cultura é "parte do património do PS" que importa "manter, renovar, valorizar". A crise indesmentível que atravessamos "de modo algum justifica" - no seu diagnóstico sem paliativos - "seja o estado de abandono a que a cultura tem sido votada, seja o desinvestimento de que tem sido objecto e que pode provocar - e enfatizo este ponto, uma vez que se trata de uma ameaça real - danos irreversíveis".

Citando o antigo ministro das Finanças de Sócrates, Luís Campos e Cunha, e vários estudos da União Europeia, Carrilho defende a valorização do contributo da cultura e da criação "no PIB, no emprego, na coesão, na competitividade. Não reconhecer isto é, hoje, de uma cegueira tragicamente irresponsável". E propõe: que o PS garanta a efectiva progressão do orçamento para a Cultura até ao 1% do Orçamento do Estado que já prometia António Guterres em 1995; e que "reformule a administração dos sectores fundamentais". "É urgente mudar", conclui, aconselhando o PS a "assumir com verdade o balanço do período que agora termina e prometer mais e melhor" para o futuro.

O regresso de Carrilho à cultura, ainda que apenas através de um texto para discussão interna no PS, foi saudado por vários protagonistas culturais contactados pelo Expresso.

"Recolocar a cultura no mapa político é romper o silêncio. E vozes rebeldes são muito bem-vindas", diz Pedro Abrunhosa, demolidor na qualificação do estado actual de coisas, não apenas na cultura mas na política nacional em geral: "Isto é um quarto vazio, sem portas, nem janelas, nem brechas", afirma o músico portuense. Comparável aos tempos de Cavaco? "Pior, porque nessa altura havia oposição. Agora não há".

Ricardo Pais, antigo director do Teatro Nacional S. João, aplaude o facto de alguém com o peso político de Carrilho "pôr o dedo na ferida, chamar a atenção para as responsabilidades tremendas deste Governo no estado da cultura". Que é, afirma, "lastimoso", de "um vazio absolutamente impensável". Recordando António Guterres como "um homem superiormente culto, ainda que pusilânime", vê em Sócrates "o negativo" de Guterres.

O cineasta João Mário Grilo é igualmente crítico da política cultural deste Governo: "O que tem acontecido é uma não-política - o que é um acto performativo politicamente, produz resultados. E os resultados têm sido dramáticos". Grilo fala de "marasmo absoluto, falta de dinamismo, só compreensível se se quiser liquidar a cultura". Neste contexto, acrescenta, a reflexão proposta por Carrilho é "absolutamente imprescindível".

Também a antiga directora-geral dos Museus Raquel Henriques da Silva saúda a iniciativa do ex-ministro. "Um dos maiores problemas da cultura é a falta de vozes políticas". O actual ministro, José António Pinto Ribeiro, merece-lhe todas as reservas: "Revelou-se fraquíssimo". A professora regista ainda a "desorçamentação brutal" da cultura para concluir que estamos a ir em sentido contrário ao do resto da Europa. "A cultura é geradora de dinâmicas sociais positivas", conclui, numa posição de resto comum a todos os agentes culturais ouvidos pelo Expresso.

Paulo Ribeiro, director artístico da companhia de bailado com o seu nome (que actua no Teatro Viriato, em Viseu), fala da cultura como forma de combate à crise de modo entusiástico: "A forma como a cultura pode dinamizar um país tem um retorno absoluto, por completo, nunca se perde dinheiro". E acrescenta: "O momento é perfeito para que isto seja pensado e debatido e sejam tomados compromissos".


Mas não nos fiquemos por aqui. Já em Fevereiro falava sobre a política cultural europeia (agora um artigo da Lusa de 4 de Fevereiro):

Manuel Maria Carrilho considerou, esta manhã, que "a Europa é uma desilusão do ponto de vista cultural", referindo-se ao orçamento de "400 milhões de euros, divididos por 27 países, por sete anos" atribuído pela União Europeia para a cultura.

O actual embaixador de Portugal na UNESCO falava durante o debate "Estado e Sociedade Civil na Cultura", inserido no Fórum Cultura e Criatividade 09, a decorrer na Exponor, Matosinhos, no qual explicou que "é preciso recolocar na agenda política o um por cento (do orçamento) para a cultura".

Carrilho referiu que "o momento que hoje vivemos é adequado para repensar as políticas culturais" e que a sua actualização passa pela "articulação com as políticas de desenvolvimento do País".

Uma nova política cultural deverá, para Carrilho, assentar em dois eixos: as responsabilidades estruturais - "um papel que deve ser assumido pelo estado" - e as responsabilidades estratégicas - "que têm a ver com o apoio às artes em todos os domínios da criação".

"Só com estes dois níveis estruturados é que a indústria criativa pode funcionar", destacou.

Quanto às responsabilidades estruturais, Carrilho lembrou que esta é "a responsabilidade que o Estado tem junto de várias instituições e que se esquece", como são os casos "da biblioteca nacional, Torre do Tombo, Teatros Nacionais, Cinemateca".

"São responsabilidades do Estado, que o Estado tem de assumir", frisou, acrescentando que "não há redes de amigos, parcerias ou mecenatos que possam suprir essa incontornável responsabilidade do Estado".

O antigo ministro da Cultura referiu também a necessidade de uma maior qualificação quer de instituições quer de pessoas, a qual, se colocada "como desígnio estratégico no centro da ambição política, é um passo que nos podia ajudar a sair da crise".

E vendo bem, que formação avançada há em Portugal para os agentes culturais? Não falo de artistas porque aí seria uma área quase diferente, penso sobretudo nas pessoas que têm de fazer andar este sector para a frente nos domínios de gestão...
Um´dos problemas endógenos das empresas e instituições culturais é a incapacidade de visão estratégica e administrativa.
E para isso é necessário investir em formação e depois apostar nessas pessoas!

16 março 2009

Festival da Canção

A música continua a ser um território fortíssimo de intervenção social e política.
Isto vem a propósito do eterno Festival da Eurovisão que apesar de ter perdido importância na Europa Ocidental continua a ser um evento muito importante para os países de Leste sobretudo porque pode representar os 5 minutos de fama e glória para muita gente.

As polémicas deste ano são as escolhas da Geórgia e de Israel: a canção georgiana fala do ex-primeiro-ministro russo de uma forma encapotada, a proposta de Israel é uma actuação conjunta de uma cantora israelita e outra árabe.

"We Don't Wanna Put In" ("Não queremos o Putin" em tradução livre) é o título da canção eleita pelos georgianos para o festival da Eurovisão, ainda no rescaldo do conflito de Agosto entre a Rússia e a Geórgia, por causa da província separatista georgiana da Ossétia do Sul.
A música, cantada em inglês pelo grupo Stephane and 3G, foi escolhida por um júri e pelo público. Curioso será lembrar que no ano passado a música georgiana tinha o título "Peace Will Come"...

O porta-voz de Vladimir Putin lamentou "o facto de se utilizar um concurso tão popular na Europa para a transmitir as suas ambições pseudopolíticas - é simples hooliganismo".

A produtora do primeiro canal georgiano responde, "não tem nada a ver com política, é uma canção divertida". Já o produtor da canção, Kakha Tsiskaridze, assume o duplo significado e defende que é uma maneira de a Geórgia "enviar uma mensagem à Europa e principalmente a Moscovo".



Já em Israel o problema são as boas intenções. "Uma rapariga árabe que parece judia e uma rapariga judia que parece árabe" é a ideia que Israel quer transmitir na Eurovisão, ao escolher uma israelita e uma árabe para cantarem em dueto. A escolha, que chegou um dia depois do início da ofensiva Israelita a Gaza, foi alvo de críticas por tentar passar uma imagem distorcida do país, quando as relações entre árabes e judeus estão particularmente tensas.

A israelita Achinoam Nini, conhecida internacionalmente como Noa, e a árabe Mira Awad, actriz e cantora, foram seleccionadas pela radiodifusão nacional.

A canção chama-se esperançosamente "There must be another way"...

12 março 2009

Arte de morte

A morte tende a ser um tema complicado de tratar em qualquer situação e em qualquer sector. Tudo nos parece macabro, negro e fúnebre.

Faz algum sentido pensar assim?
Poderemos morrer com o mesmo estilo com que vivemos?

Com o enterro a diminuir o seu peso na Europa e EUA – a taxa de cremação no Reino Unido está em 70%, seguido de perto pela Suiça, Dinamarca e Suécia – as urnas funerárias, muitas vezes guardadas em casa, são talvez o melhor objecto para os artistas contemporâneos poderem fazer as suas primeiras experiências de "arte de morte".

No final dos anos 90 na Califórnia, Maureen Lomasney lia um artigo num jornal sobre o aumento das cremações na região. “Comecei a pensar no que se estava a produzir para as pessoas porem as cinzas dos seus familiares, e cheguei à conclusão que não havia muita oferta".

Ela decidiu investigar e não descobriu praticamente nada. Então, no ano 2000, decide criar um concurso de urnas e arte funerária para artistas de escolas de arte e ateliers com prémios finais, júri especializado e possibilidade de venda das peças. A resposta muito positiva – tanto de artistas como de compradores – levou-a a abrir a empresa Funeria, um negócio de arte funerária que tem agora uma galeria em Sonoma County e uma bienal em São Francisco.

“Os pedidos estão a quadruplicar a cada ano nos últimos 3 anos... Eu diria que estamos no bom caminho”. E mais: “As pessoas pensam em todas as fases da sua vida e procuram oportunidades para enriquecê-las.”

Mas aqui na Europa também vamos avançando. Na Bienal de Design de Saint-Etienne, a peça sensação foi um trabalho "assustador" do artista francês Pierre Char­pin: uma pequena caixa para cinzas humanas em vidro branco se for para uma criança ou em vidro negro se for para um adulto.

“Uma urna não tem de parecer outra caixa qualquer”, diz Charpin,“Não tem de ser uma caixa bonita, elegante e bem desenhada.”

A peça de Charpin faz parte de um grupo de 10 obras comissionadas por Matteo Gonet, um fabricante de vidro, que descobriu e desenvolveu esta arte também por uma análise empírica da inexistência de oferta. A lista de criadores inclui artistas, artesões, professores de arte e vidreiros.

Depois de Saint-Etienne, estes protótipos já viajaram para mais exposições, em Eindhoven (Designhuis) e Lausanne (Musée de Design et d’Arts Appliqués Contemporains - Mudac). Próximo passo: produzir as peças para vendê-las.

04 março 2009

Transformers no Paraguai

BRIEF:
- queremos promover a estreia do filme "Transformers"
- o Paraguai é um dos 5 países mais piratas do mundo (índice de pirataria 90%)
- necessidade de fazer uma campanha que leve as pessoas ao cinema
- orçamento muito limitado

PROPOSTA DA AGÊNCIA:
- Vamos meter-nos na boca do lobo e focar-nos em quem compra pirata

IDEIA:
- Lançamos no mercado pirata um DVD com a capa do filme Transformers duas semanas antes da estreia mundial - os consumidores ficam surpresos com a rapidez com que chega ao mercado e compram
- Dentro da caixa não está o filme mas sim um desconto grande em bilhetes de cinema para o filme

RESULTADOS:
- 26.000 pessoas foram ao cinema com este desconto
- Awareness sobre a acção e sobre a importância da pirataria

Este foi um trabalho fantástico da agência Oniria para a empresa Cinepremium del Sol. Ganhou os prémios de criatividade todos que havia para ganhar no Paraguai com mérito total.

Se não podes vencê-los junta-te a eles.

01 março 2009

The Printed Blog

Parece que tudo se encaminha para o fim dos jornais. Desde que me lembro de ouvir qualquer comentário sobre este tema, a opinião nunca muda: os jornais têm os seus dias contados e todos os seus leitores se vão perder para a rádio, a televisão, os gratuitos e por fim, a internet. Esse monstro aglutinador em que ninguém paga nada a não ser aos operadores pelas mensalidades e os Gigas de Downloads...

De repente, uma start-up de Chicago (uns românticos com certeza) cria um negócio cuja única ideia reverte toda esta tendência: The Printed Blog, o jornal que "devolve a sensação táctil de ter a informação na mão" e que pode ser lido em qualquer sítio independentemente de existir rede wi-fi.

Este novo jornal terá sobretudo um enfâse local, agregando conteúdos gerados na internet e portante sem equipa redactorial. No fundo, é um jornal que funcionará como um feed RSS e que practicamente não necessita trabalhadores.
O conteúdo não será apenas de blogs mas também fotos, puzzles, eventos, comentários de leitores e assuntos de interesse local. The paper is currently still testing its model, but its first issues are scheduled to hit the streets of Chicago and San Francisco today. It will ultimately be distributed to neighbourhood pickup points in A.M. and P.M. editions.

O The Printed Blog já tem acordos com mais de 300 bloggers para publicar os seus posts em troca de uma percentagem dos ganhos de publicidade e teve na sua primeira edição 15 anuunciantes. A seguir, e para conseguir um alcance maior, a ideia é colocar impressoras na casa dos distribuidores para poderem imprimir e distribuir com maior rapidez e menores custos.

Apesar de todas as incógnitas deste negócio, não deixa de ser uma ideia brilhante baseada na simples necessidade das pessoas gostarem de:
:: ler opiniões - muitas vezes mais do que só informação imparcial
:: saber as notícias locais da sua terra
:: e ter um suporte papel

A visitar: www.theprintedblog.com